Texto e foto: Bruno Carbinatto

Texto originalmente publicado em: https://www.fea.usp.br/fea/noticias/ultimo-dia-da-oiweek-scibiz-discute-empreendedorismo-cientifico-e-marketplaces

A Oiweek SciBiz chegou ao fim, na quinta feira (28/02), após quatro dias de palestras, networking, plenárias e muita discussão sobre inovação. O último dia abordou temas como as oportunidades de empreender no meio científico e o crescimento das plataformas denominadas marketplaces, como iFood e a OLX Brasil. Confira mais.

Empreendedorismo também é para cientista

Daniel - emerge

Grandes histórias de sucesso no mundo dos negócios geralmente passam por novidades tecnológicas e científicas, mas, em geral, os cientistas acabam ficando em segundo plano nessas narrativas. A Oiweek SciBiz, maior evento de inovação da América Latina, quis desconstruir essa imagem através de uma mesa sobre “Cientistas Empreendedores”. O debate foi mediado pela professora Geciane Porto, representando a Auspin (Agência USP de Inovação), órgão que estimula a invenção e o empreendedorismo dentro da Universidade.

Daniel Pimentel, da ONG Emerge, comentou que o ramo de empreendedorismo científico, apesar de nascente, é promissor. “O Brasil é sim um país criativo, empreendedor por natureza, a nossa ciência é reconhecida, mas ainda estamos longe de ser inovadores”, conta. Ele diz que a falta de inovação é o principal problema do Brasil: “A equação de desenvolvimento de qualquer país deve conter investimento em ciência e tecnologia, e a nossa possui muito pouco”. A Emerge é uma organização do terceiro setor que visa acelerar startups científicas, capacitando empreendedores, realizando eventos e identificando projetos com potencial de mercados.

Já o professor Luiz Carlos Ferreira, do Instituto de Ciências Biomédicas da USP, lembrou que São Paulo está em uma posição relativamente boa, já que concentra as melhores universidades do país e tem a Fapesp (Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado de São Paulo), grande financiadora de projetos de inovação. Mesmo assim, ele relata que o empreendedorismo e a ciência ainda não se relacionam tão bem como poderiam, e fala sobre como foi sua  trajetória, da pesquisa para a prática: “Eu pensei: ‘como posso ir da ciência para a aplicação’? E a primeira barreira foi a propriedade intelectual”. Mas o aprendizado na questão de patentes abriu portas para o docente, que hoje acredita que ciência e empreendedorismo podem sim andar juntos: “É uma questão de aprendizado: saber ouvir o ambiente acadêmico e também entender a demanda das empresas”.

E para exemplificar essa fórmula de sucesso, duas startups de ciência se apresentaram. A Biolinker, representada por Mona Oliveira, é uma empresa que produz e distribui kits com sistemas in vitro para sintetizar proteínas com muita rapidez, auxiliando o trabalho de vários cientistas. Seu produto facilita muitas pesquisas atualmente, e agora a iniciativa busca financiamento para desenvolver máquinas com mais capacidade técnica.

Outra startup de sucesso na área médica é a Braincare Health Technology, startup que desenvolveu um método não invasivo para medir a pressão intracraniana nos humanos — o método tradicional envolve perfuramento do crânio. O representante Arnaldo Betta comentou que a invenção brasileira é extremamente admirada no mundo todo, por simplificar uma questão complexa, e que tem a ver com a ideia central da startup, que é democratizar a saúde no mundo: “Um sinal só é vital se for acessível”.

Marketplaces digitais e a sustentabilidade

A semana de palestras fechou com chave de ouro, reunindo pesos pesados das startups no Brasil, como a iFood, a Cabify, a OLX e a Tembici. Todas têm em comum uma característica: são marketplaces, ou seja, são plataformas que conectam usuários a empresas, clientes a empreendedores, e assim por diante. O serviço oferecido por elas é, basicamente, a informação, que traz benefícios para o consumidor, para o vendedor e também para a própria plataforma. Esse modelo de negócios vem conquistando um grande público, seja no setor alimentício, de moda, de locomoção urbana ou varejo.

Para Anahí Llop, da OLX, que conecta pessoas que querem vender produtos usados com possíveis compradores, esse modelo de plataforma não só facilita a vida das pessoas como muda o dia a dia delas, seja em termos de acessibilidade, empoderamento econômico e até mesmo meio ambiente. Por isso, o foco da OLX é sempre um mundo sustentável: “[sustentabilidade] não é só responsabilidade social, é nosso modelo de negócios”.

Nessa linha, Nicolas Scridelli, da espanhola Cabify, lembrou que o serviço, como a empresa oferece, que conecta passageiros a motoristas, é sustentável para o meio ambiente, promovendo o “desapego aos carros”. Por isso, várias empresas semelhantes surgem e competem no mercado, como é o caso da Uber e da 99taxi.

E não só para o planeta esse modelo é bom: no caso da Tembici, sistema de compartilhamento de bicicletas, o usuário também é beneficiado, principalmente em questões de saúde. Ele lembrou como diversos marketplaces estão moldando o que conhecemos por trânsito hoje, já que há mais bicicletas, patinetes, serviços de táxi, etc.

Por fim, Vitor Magnani, da iFood, que participou também da palestra sobre “unicórnios”, lembrou que esse modelo de negócios veio pra ficar, e que ainda é possível expandir. Citou, por exemplo, um serviço não tão conhecido do aplicativo: aquele que conecta restaurantes a fornecedores de comida, por exemplo. O que surgiu com a ideia de ser um call center de delivery, hoje tem objetivo de “revolucionar a alimentação no Brasil”.

 

Data do Conteúdo:

quinta-feira, 28 Fevereiro, 2019

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