Com o objetivo de inspirar empreendedores e gestores de ecossistemas de inovação, a Anprotec e o Sebrae, com elaboração do Núcleo de Pesquisa e Gestão da Universidade de São Paulo, lançaram o ebook “Ecossistemas de Empreendedorismo Inovadores e Inspiradores“.

O estudo tem como foco na abordagem do lado do sistema que envolve a capacidade de empreendedorismo de regiões, especificamente de determinadas
cidades no Brasil e no exterior: Porto Alegre, Santa Rita do Sapucaí, Campina Grande, Berlim, Toronto, Manchester e Haifa. A combinação de quatro critérios norteou a escolha dessas cidades, sendo os dois primeiros qualificadores e os demais diferenciadores:
(i) constituírem ecossistemas de alto impacto, como detalhado no parágrafo seguinte;

(ii) terem histórico de evolução e características capazes de inspiraroutras cidades e regiões;

(iii) serem menos notórias nas narrativas de “casos de sucesso” – por exemplo, em comparação com o Vale do Silício e a região de Boston, nos Estados Unidos, ou com Florianópolis e Recife, no Brasil; e

(iv) permitirem diversidade, quer geográfica (continentes diferentes no exterior, regiões diferentes no Brasil), quer relativa ao porte das cidades (de metrópoles a cidades pequenas).

As cidades selecionadas para este estudo são consideradas Ecossistemas de Alto Impacto. Como exemplificado no esquema acima, um ecossistema de alto impacto é aquele que consegue combinar as capacidades de empreendedorismo (E-CAP) e de inovação (I-CAP) com uma vantagem comparativa da  região/cidade para impulsionar o impacto. Conforme também abordado anteriormente, o impacto pode ser medido de diversas formas (e não foi o objetivo deste estudo medir ou comparar o impacto dessas cidades). Algumas medidas fornecem indicações de que determinada região/cidade está conseguindo impactar em termos econômicos e sociais a sua região ou mesmo seu país. Para os especialistas consultados no estudo, um ecossistema de alto impacto envolve:

  1. Articular, fomentar e desafiar institucionalidades (academia, empresas e governo), gerando valor tanto com foco no mercado quanto nas demandas sociais.
  2. Um conjunto de atores sociais e econômicos, públicos e privados, ambientes de inovação e políticas que viabilizam e dinamizam espaços e territórios inovadores e empreendedores.
  3. Atores (fontes de conhecimento [universidades, centros de pesquisa e outros entes], pessoas, capital, governo) em um ambiente econômico favorável, isto é, que oferece facilidade para fazer negócios, além de dotado de cultura propícia à inovação e incentivador da tomada de risco.

Em síntese, a partir do modelo do MIT, em conjunto com as opiniões dos especialistas, entende-se que um Ecossistema de Alto Impacto, além de combinar uma alta
capacidade de empreendedorismo e de inovação, consegue articular os principais atores ou partes interessadas (stakeholders) para dinamizar a cidade/região e fazer com que as capacidades de fato gerem impactos e benefícios econômicos e sociais. Nesse sentido, as cidades selecionadas foram estudadas considerando o ecossistema empreendedor da região, as políticas de CT&I que sustentam esse ecossistema, suas vantagens comparativas e os principais ambientes de inovação que movimentam e impulsionam esse ecossistema.

Conclusão

Analisando as cidades brasileiras e estrangeiras selecionadas, identificou-se três pontos importantes para reflexão, buscando fornecer subsídios para que outras
cidades possam melhorar no sentido de promover o empreendedorismo com alto potencial de impacto em sua região:

• Importância das instituições alicerce

• Desenvolvimento da capacidade empreendedora

• Papel dos principais stakeholders do ecossistema

Na análise realizada sobre a capacidade empreendedora percebe-se que o Brasil apresenta diversas características em comum com os demais países estudados. Ou
seja, também temos talento e capacidade para estimular o empreendedorismo e criar um ambiente adequado para que floresça e se desenvolva. E estamos gerando resultados e inovações que podem estimular o desenvolvimento da região e mesmo do país. Faltam recursos para estimular esse ambiente (especialmente capital de risco privado) e algo importante que vimos anteriormente é que falta mais estrutura nas instituições alicerce. A instabilidade econômica e política do país (bem como outros diversos fatores apontados anteriormente – corrupção, propriedade intelectual, facilidade de fazer negócios etc.) tornam essa base mais instável e inconstante, gerando incertezas tanto para empreendedores quanto para investidores. Dessa forma, no sentido de fortalecer essas instituições, uma recomendação seria buscar cultivar no estamento profissional de gestão das cidades um coletivo que explore essa causa do empreendedorismo inovador, permitindo com que projetos e iniciativas nesse sentido possam ser continuados (perenização). Dessa forma, essas pessoas chave (que podem ser, por exemplo, funcionários públicos de carreira) poderão dar continuidade aos projetos e estabelecer uma rede menos sensível às trocas políticas.

Com base nas experiências estudadas, os principais pontos que o estudo entende serem necessários (embora não exaustivos e suficientes) para a construção de um ecossistema de inovação e empreendedorismo que, futuramente, possa trazer benefícios econômicos e sociais para a sua região são:

1) INICIATIVA LOCAL INICIADA POR UM ATOR (STAKEHOLDER) QUE COMPRA A IDEIA E COMEÇA A INICIATIVA

2) PARTICIPAÇÃO DO SETOR EMPRESARIAL PARA SUSTENTAÇÃO DO ECOSSISTEMA EMPREENDEDOR

3) INSPIRAÇÃO DE FORA E DE DENTRO

4) TRABALHAR EM PARCERIAS COM OUTROS ATORES DA REGIÃO

5) CRIAR AMBIENTES DE INOVAÇÃO

6) FORTALECER A CULTURA EMPREENDEDORA

7) ATRAÇÃO DE CAPITAL

Para acessar o estudo na íntegra, clique aqui